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Sinto que estou falhando comigo mesma

Para mulheres que conquistaram muito… menos a paz consigo mesmas

Se você chegou até este texto, provavelmente sabe exatamente do que vou falar. Conhece aquela sensação estranha de ser competente no trabalho, respeitada, talvez até admirada, mas quando chega em casa e olha para a própria vida, bate uma angústia profunda de que está “falhando” nas coisas que deveriam ser mais simples?

Esses dias eu estava refletindo sobre quantas de nós vivemos essa contradição. Como se fôssemos ótimas pilotando a vida profissional, mas péssimas pilotando a vida pessoal. E aí vem aquela voz interna implacável listando tudo que “não está certo”: a relação complicada com o próprio corpo, os relacionamentos que não fluem como gostaríamos, aquela sensação de que deveríamos ter mais disciplina conosco mesmas, a vida pessoal que parece estar sempre em segundo plano.

E nos tratamos de um jeito que jamais trataríamos uma amiga querida.

Quando a sensação de falha não é nossa

O que venho observando, tanto no meu consultório quanto na vida, é como esse sentimento é comum entre nós que ocupamos certos espaços profissionais. Mas aqui vem uma reflexão que acho importante: será que essa sensação de “falha” não é, na verdade, resultado de expectativas que nem são nossas de verdade?

Vivemos numa sociedade que nos ensina que nosso valor está diretamente ligado à nossa produtividade. E para nós mulheres essa pressão é ainda maior. Porque além de ter que ser excelente profissionalmente, ainda temos que “provar” que merecemos estar nos espaços que ocupamos.

Então quando olhamos para a vida pessoal e vemos que ela não está “otimizada” como nossa carreira, achamos que o problema somos nós. Mas e se o problema não for nossa “falta de disciplina”, mas sim um sistema que nos ensinou que até nosso tempo de descanso precisa ser produtivo? Que até nossa felicidade precisa ser uma meta a ser alcançada?

A ilusão do controle total

Tem uma crença muito comum entre nós: a de que, se nos cobrarmos muito, temos garantia de que as coisas vão dar certo. Mas a vida não vem com garantias, independente do quanto nos cobramos ou não. Podemos nos cobrar até a exaustão e ainda assim as coisas podem não sair como planejado.

Talvez a pergunta seja: como queremos viver enquanto as coisas estão acontecendo?

E tem outra coisa que me chama atenção: vivemos numa sociedade que individualiza tudo. Se você está exausta, o problema é sua falta de autocuidado. Se está sozinha, é porque não está “trabalhando” seus relacionamentos direito. Mas e se reconhecêssemos que algumas das nossas dificuldades não são falhas pessoais, mas reflexo de uma sociedade que nos sobrecarrega? Que nos ensina a competir em vez de colaborar?

Questionando os padrões impostos

Quando sentimos que estamos “falhando”, vale perguntar: falhando segundo quem? Quais padrões estamos usando? Quem definiu que nossa vida deveria ser de determinado jeito?

Às vezes estamos nos cobrando para atingir padrões que nem fazem sentido para nossa realidade, nossa história, nossos valores de verdade. É como se estivéssemos vivendo uma versão de nós mesmas baseada no que achamos que deveria ser, sem questionar se essa versão é realmente nossa.

E assumir que somos livres para escolher nossa vida é ao mesmo tempo libertador e aterrorizante. Significa que somos responsáveis pelas nossas escolhas, mas também significa que podemos escolher diferente a qualquer momento.

O ato político de existir plenamente

Será que simplesmente existir sem produzir constantemente, sem otimizar tudo, sem ser exemplo para ninguém não é também uma forma de resistência?

Especialmente para nós que ocupamos espaços onde nossa presença por si só já incomoda algumas pessoas. Talvez nossa existência plena, com contradições e tudo, seja mais revolucionária do que imaginamos.

E se pudéssemos criar nossas próprias definições de sucesso? Definições que incluam bem-estar, que incluam conexão, que incluam o direito de simplesmente ser, sem ter que justificar nossa existência através de conquistas?

Liberdade contextualizada

Reconhecer nosso poder de escolha sem ignorar o contexto em que vivemos é fundamental. Podemos assumir responsabilidade pelas nossas escolhas sem nos culpar por problemas que são maiores que nós. Podemos reconhecer nossa agência sem ignorar as estruturas que nos limitam.

E talvez nossa transformação pessoal e a transformação da sociedade não sejam coisas separadas. Quando questionamos internamente esses padrões impossíveis, também estamos questionando o sistema que os criou.

E se entendermos que nosso bem-estar individual está conectado com o bem-estar coletivo? Que quando cuidamos de nós mesmas com ternura, também estamos ensinando outras mulheres que elas merecem o mesmo?

Uma proposta de reflexão

Quero propor uma experiência para se você quiser tentar. Durante alguns dias, quando perceber aquela voz interna crítica aparecendo, que tal pausar e se perguntar:

Esta cobrança é minha ou absorvi de algum lugar?

Se eu ignorasse todas as expectativas externas, o que eu realmente gostaria de fazer agora?

Que versão de “sucesso” faz sentido para minha vida real?

E talvez compartilhar essas reflexões com outras mulheres. Às vezes descobrimos que não estamos tão sozinhas quanto pensávamos.

Não estamos falhando

Talvez a sensação de “estar falhando” seja na verdade um sinal de que estamos acordando. Acordando para questionar se queremos continuar vivendo segundo regras que não fizemos.

E talvez seja sobre entender que nossa libertação individual está conectada com a libertação coletiva. Que quando nos permitimos ser plenamente humanas, estamos criando espaço para outras mulheres fazerem o mesmo.

Não estamos falhando. Estamos aprendendo a existir de uma forma mais íntegra num mundo que nos ensinou a nos fragmentar.

A liberdade de escolher nossa vida vem junto com a responsabilidade pelas nossas escolhas. E isso é assustador, mas também é o que nos faz humanas.

Continue essa conversa comigo

Se essa reflexão tocou em algo dentro de você, quero te convidar para continuarmos essa conversa juntas.

Toda semana envio uma carta diretamente para sua caixa de entrada. São reflexões como esta, pensadas com carinho para mulheres que estão questionando, crescendo, se descobrindo. É como receber uma carta de uma amiga que entende suas contradições e te acolhe exatamente onde você está.

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