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Entre o medo de sentir e o desejo de continuar

Há momentos em que nos afastamos daquilo que mais importa.

Não por descuido. Nem por desinteresse. Mas porque, às vezes, tocar certas partes de nós parece demais.

Falamos de outras coisas, mudamos de assunto, justificamos…
Mas no fundo sabemos: tem algo que ainda não conseguimos sustentar.

E isso não é falta de vontade.

Às vezes é só a forma que encontramos de continuar existindo, mesmo quando o que sentimos ainda é pesado demais pra ser nomeado.

Em alguns acompanhamentos, percebo como esse movimento aparece em mulheres tão diferentes. De idades, histórias e contextos tão distantes — e, ainda assim, com algo em comum: quando o que está sendo dito começa a se aproximar de uma dor mais funda, surge um desvio.

Uma pausa. Um silêncio. Um sorriso que muda o rumo da conversa.

Não é teatro. Não é fingimento.
É só um jeito — talvez o único possível naquele momento — de se proteger do que ainda parece grande demais.

É por isso que, às vezes, a terapia se torna esse espaço de aproximação e afastamento.
Como se fôssemos desenhando o contorno daquilo que ainda não conseguimos tocar.
Com respeito, com cuidado, e também com presença. Porque não se trata de forçar nada — mas de não abandonar o que está pedindo para ser olhado.

E isso vale também pra vida.

Quantas vezes desviamos da conversa que precisávamos ter?
Ou deixamos de escrever o que estava entalado?
Ou engolimos a raiva, a tristeza, a dúvida — porque não sabíamos se aquilo seria bem recebido?

A verdade é que sustentar certas partes de nós mesmas dói.
Não porque somos fracas, mas porque estamos vivas.

E viver de verdade exige presença — até nos momentos em que o que sentimos parece demais.

Na terapia — e fora dela também — é possível começar a experimentar outra forma de lidar com isso.
Não negando. Não se atropelando. Mas encontrando, aos poucos, maneiras de sustentar o que nos atravessa, sem se perder no caminho.

Talvez você não consiga dar nome a tudo agora.
Talvez ainda desvie, mude de assunto, se distraia de si.

Mas e se, da próxima vez, você simplesmente ficasse mais um pouquinho?
Mais um minuto perto daquilo que incomoda.
Mais um segundo com o que é real.

É assim que a gente começa a criar espaço dentro da gente pra ser — sem fugir o tempo todo.

É assim que a gente volta.
Não pra um lugar perfeito. Mas pra um lugar possível.
Pra um encontro com quem a gente é, mesmo quando ainda não sabe muito bem como ser.

E se você sentiu que esse texto tocou algo em você, te convido a não apressar nada.
Talvez hoje seja só sobre reconhecer esse movimento.
Mas se quiser, pode voltar pra ele depois.
Ou escrever. Ou conversar. Ou simplesmente ficar mais um pouquinho perto de si.

A gente segue — mesmo que devagar.

💛 E se quiser receber reflexões como essa direto no seu WhatsApp, criei um espaço chamado Janelas de Cuidado — um canal gratuito e afetivo pra quem deseja se escutar com mais presença, mesmo nos dias em que tudo parece demais.

O link está aqui:
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Talvez seja o próximo passo da sua travessia.
Com calma. Com verdade. No seu tempo. 🍃

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